O ator britânico David Warner faleceu no domingo, aos 80 anos, vítima de cancro, cinco dias antes de festejar o seu aniversário.
“Nos últimos 18 meses, enfrentou o seu diagnóstico com a graciosidade e a dignidade que o caracterizavam”, indicou a sua família numa declaração à BBC.
O papel mais reconhecido pelo grande público era o de Spicer Lovejoy no épico “Titanic” (1997), o antigo polícia e capanga de Cal Hockley (Billy Zane) que era encarregado de vigiar e sabotar o romance entre Rose (Kate Winslet) e Jack (Leonardo DiCaprio).
No entanto, a sua primeira grande participação como ator no grande ecrã foi no vencedor do Óscar de Melhor Filme em “Tom Jones, Romântico e Aventureiro”, de Tony Richardson, em 1963. Três anos depois, triunfou em pleno no cinema ao lado de Vanessa Redgrave em como o protagonista do futuro clássico “Morgan – Um Caso para Tratamento”, de Karel Reisz, pelo qual foi nomeado para os BAFTA, os “Óscares” da Academia Britânica.
Em 1968, reencontraria Redgrave e ainda James Mason em “A Gaivota”, de Sidney Lumet, a que se seguiu “Balada do Deserto” (1970), o primeiro filme de uma importante colaboração artística com o realizador norte-americano Sam Peckinpah, que prosseguiu em “Cães de Palha” (1973) e “A Grande Batalha” (1977).
“Aquela Sexta-Feira” (Peter Hall, 1970), “A Casa da Boneca” (Joseph Losey, 1973), e “Vozes do Além (Kevin Connor, 1974) antecedem aquele que é o seu segundo filme mais popular, com um dos vários papéis na carreira de vilões com finais pouco felizes: “O Génio do Mal” (Richard Donner, 1976), um de vários no género de terror que o tornaram muito popular entre os respetivos fãs.
“Providence” (Alain Resnais, 1977), a minissérie “Holocausto” (1978), “Os Passageiros do Tempo” (Nicholas Meyer, 1979) e até um telefilme chamado “S.O.S. Titanic” (1979) fecham a década, reencontrando na seguinte Karel Reisz em “A Amante do Tenente Francês (1981) e continuar ocupado na minissérie “Masada” (1981), nos telefilmes “A Christmas Carol (1984) e “Hitler’s S.S.: Portrait in Evil” (1985), e e em vários que continuam a ser recordados, como “Os Ladrões do Tempo” (Terry Gilliam, 1981), “Tron” (Steven Lisberger, 1982), “O Homem dos Dois Cérebros” (Carl Reiner, 1983), “A Companhia dos Lobos” (Neil Jordan, 1984), “Museu de Cera” (Anthony Hickox, 1988) ou “Star Trek V: A Última Fronteira” (William Shatner, 1989).
Na década de 1990, continuou a trabalhar muito em filmes e séries, mas além de “Titanic”, destacam-se principalmente três episódios da segunda temporada de “Twin Peaks” (1991), “Star Trek VI: O Continente Desconhecido” (Nicholas Meyer, 1991), a minissérie criada por Oliver Stone “Wild Palms” (1993), “A Bíblia de Satanás” (John Carpenter, 1994), o telefilme “Rasputin” (1996) e “Gritos 2” (Wes Craven, 1997).
Debaixo de muita caracterização, foi o senador Sandar na versão de “O Planeta dos Macacos” de Tim Burton (2002), o pai da personagem de Kenneth Branagh na série “Wallander” (2008-2015), o professor Van Helsing na série “Penny Dreadful” (2014) e, na despedida do cinema, o velho Almirante Boom em “O Regresso de Mary Poppins” (Rob Marshall, 2018).
No teatro, esteve ligado a Royal Shakespeare Company, interpretando personagens como Henrique VI e Falstaff, tendo sido considerado o melhor Hamlet.